quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Planificação do treino do atleta de fundo

" As leis são como as noivas, nasceram para ser violadas"
Mas os princípios não. Terão sempre que ser respeitados. Visando o desenvolvimento das qualidades de base do corredor de fundo. Com a aproximação da competição é importante a programação semanal que deixa um lugar cada vez maior aos (treinos específicos - fraccionados - intervalados ou seja, as sessões terão um ritmo de corrida conrespondente ao que é desejado para a competição.

A participação nas provas de estrada de muitos atletas principiantes é acima de tudo, terminar as provas. Todavia , os atletas que atingiram um certo nível de rendimento procuram informações suplementares (no que me diz respeito tentarei ajudar na medida do possível) que lhes permita planificar um programa de treino apoiado em bases racionais, não confundir com receitas.

No entanto alguns métodos parecem apresentar mais vantagens que outros, depende sempre da fisiologia do atleta.

A finalidade deste artigo, consiste em mostrar um método de planificação para corredores de fundo: 10 km - 20km e Maratona.

O programa:

a - deve ser específico das qualidades a desenvolver

b - ter em conta uma certa progressão

c - comportar uma alternância entre os períodos fáceis e outros mais difíceis.
Em muitas das maneiras de treino dos atletas de fundo é normal o treino continuo e prolongado, ser feito com uma intensidade mais fraca que a da competição, como é lógico. Os treinos de LONGAS DISTÂNCIAS LENTAS (LDL) vem sem duvida de três factores. Primeiro - realizam-se facilmente porque raramente variam de intensidade. Segundo - trás grandes vantagens para a maioria dos atletas que assim vão acumulando um numero sempre desejável de Kms. terceiro - permite o desenvolvimento da resistência, sobretudo se for feito numa distância superior a 15 kms e a 70%

4 exemplos----------- distância Km ---------------------------Intensidade %

A -----------------------5 a 10 -------------------------------------65 a 70

B ----------------------10 a 15--------------------------------------65 a 70

C ----------------------15 a 20 -------------------------------------65 a 70

D --------------------- 20 a 30 -------------------------------------65 a 70

No entanto este tipo de treino é muitas vezes criticado pela sua falta de especificidade, ora bem já se sabe que as adaptações do organismo, após o treino são específicas, do tipo de actividade praticada, daí que para um melhor rendimento, o treino deve aproximar-se pela sua intensidade,
ao que vai encontrar na competição.
Por exemplo, um corredor prevê correr 10 km em 40´, mas como este ritmo não pode ser mantido senão numa distância curta, então é conveniente fraccionar o treino. TREINOS FRACCIONADOS - ESPECÍFICOS. (T.F.E.)

-----------------------------------------para um atleta de

6 exemplos--Nº de repetições-- Int. -----10 km---- 20 km---- Maratona
A ----------------8 a 12 -----------2´a 4´ ----800 ----1000 -------1500
B ----------------6 a 10 -----------3´a 4´ ---1000 ----1200 -------2000
C -----------------5 a 8----------- 5´a 6´--- 1200 -----1600 --------3000
D -----------------3 a 5 --------- -6´a 8´ ---1600 -----2400 --------4000
E -------------------2 -------------8´a 10´--2400 ----4000 --------6000
teste --------------1 ----------------------40´a 50´ -80´a 100´-- 160´a 180´

Treino intervalado (T.I.) a 100%, este tipo de treino contribui mais para o desenvolvimento da capacidade aeróbica máxima é efectuado em fracções, relativamente curtas de 200 a 500 mts e é alternado com períodos de recuperação activa de 1,30" a 3´30" a sua intensidade é de 90% a 105% e serve também, dizia-se no meu tempo para termos noção do andamento, e o ritmo nas pernas, pode ser feito na pista ou na estrada, mas com local devidamente marcado para poder-mos avaliar a regularidade dos tempos.

4 exemplos --Nº de repetições-----Int. ----Dist. Mts --Intensidade %

A -----------------12 a 20 --------1´30" a 2´ ----200 ------100 a 105

B -----------------10 a 20 -------1´30" a 2´15" --300 ------95 a 100

C -----------------8 a 20 --------1´30" a 2´30" --400 -------90 a 95

D --------------- 4 a 10 ---------2´30" a 4´30" ---500 ------90 a 95

Cada um destes treinos deve ser sempre feito depois de um período de aquecimento, 30´no Inverno 20´no Verão alguns exercícios de flexibilidade 4 ou 5 acelerações de 60 a 100 mts e no final do T.I. o regresso á calma exemplo 10´de corrida lenta e mais alguns exercícios de descontracção.


O método de planificação de treino sugerido neste artigo deve ser adaptado de acordo com os interesses e a disponibilidade de cada atleta, que no entanto não deve descurar os aspectos relacionados com a sua disciplina tais como a alimentação, preparação psicológica, técnica, táctica. Etc. Depois como eu costumava dizer dois tipos de atletas o TALENTO e o TÁ-LENTO

Não se esqueçam o comentário está para o blog como a marca cronometrica para o atleta.

sábado, 21 de novembro de 2009

Maratona de Granada
Nem só de competição vive o homem
Escrevi isto no meu perfil.
Vem agora a propósito de um comentário de uma ex-atleta minha (Ana Gonçalves) que de facto como ela diz não me estou a lembrar.
Diz ela a dado passo, (já não corro e já não tenho interesse em querer lembrar-me muito, mas fui feliz nas corridas enquanto andei nessa agitação).
No titulo deste artigo, homem é sentido figurativo porque contempla a mulher. E para justificar o titulo vou escrever algumas linhas da minha passagem como atleta, e treinador até descobrir o prazer de correr.
Como atleta fiz tudo o que podia e sabia, dediquei-me de alma e coração à modalidade, apesar de não ter apoios de ninguém, família incluída, amigos ou colegas de trabalho, fazia eu a minha auto-motivação, treinava mesmo doente as vezes, programava toda a minha vida para depois do treino, ou com um espaço para o treino para respeitar a regra que me impus: O melhor treino é aquele que é feito em 365 dias. Hoje passados estes anos quando leio o meu inseparável diário, sinto um grande orgulho e uma enorme admiração por tudo aquilo que fiz sem condições nenhumas. (ainda continuo a fazer o meu diário)
Como treinador com o curso de 3º grau, da IAAF, só tinha uma obrigação, educar todos os meus atletas no sentido de serem mais competitivos e ajuda-los a melhorar as sua perfomânces era para isso que eles lá estavam.
Mas há também espaço para aqueles que devem correr apenas porque: se não tiverem tempo para tratar da saúde, vão ter que arranjar tempo para tratar da doença, e hoje, além deste principio que me orienta, para além do prazer que a corrida me proporciona, nunca me esqueço, começamos a correr em crianças. Corremos um pouco descansamos, corremos novamente ora depressa ora devagar, ora pouco tempo ou então por um período mais prolongado. Depois entramos para a escola e o acto de correr torna-se mais institucionalizado. Corremos alguns metros no recreio ou num ginásio no meu tempo em terrenos baldios, e ao sairmos da escola só já corremos na vida Militar, os que lá foram . Assim o estilo de vida vai gradualmente privando-nos de toda e qualquer oportunidade de correr.
Passamos parte das nossas vidas dominados pelos outros: Pais, Professores, Oficiais, Mulheres/Maridos, Sogras, Patrões, Directores, a necessidade de auto-afirmação é constantemente posta em causa. Mas correr... proporciona um meio de afirmação socialmente aceitável, permitindo-nos ser tão competitivos quanto o desejarmos, connosco mesmo, ou com outros. Se no emprego tentarmos subir à custa dos colegas de trabalho toda a gente nos critica, mas numa corrida mesmo só com colegas de treino, melhorar a nossa posição à custa deles é considerado formidável, desde que seja feito com demonstração exterior de humildade.
Por outro lado uma mudança voluntária de actividade é tão boa ou até melhor do que o repouso... Por exemplo: quando a fadiga ou uma interrupção forçada nos impede de terminar um problema matemático, é melhor sair para correr um pouco, do que ficar simplesmente sentado, sem fazer nada, substituir por exigências físicas as que anteriormente eram feitas ao intelecto, não apenas proporciona um descanso ao cérebro como ajuda a evitar qualquer preocupação com a interrupção frustrante. Uma ocupação ajuda a aliviar a outra.
Quem me conhece sabe bem que eu saía do trabalho muito cansado esgotado e sem energia, pois tinha um trabalho bastante pesado, apenas descansava durante o percurso para o estádio, no entanto assim que começava a correr já me sentia melhor e ao fim de 30´estava inteiramente recuperado, podia sentir-me exausto mas descobria que não estava absolutamente cansado e isto era das descobertas mais agradáveis. Hoje em dia embora tenha uma taxa de ocupação das 9h00 até as 23h30´e se não estiver a ser visitado por nenhuma lesão, lá vou eu na minha hora de almoço fazer aquilo que mais gosto!!!! treinar ( tomar o comprimido)

Anas e josés deste país pratiquem desporto, e como diria o saudoso Raul Solnado façam o favor de ser felizes. Bjs para Ana Goncalves.

domingo, 8 de novembro de 2009

"O Factor Longevidade"

Jack Foster
o meu ídolo, e fonte de inspiração dorsal 689

Um ano depois de ter começado a treinar e já com 33 anos consegue fazer 2h27´ na Maratona !
o que significou um progresso fantástico, embora tendo praticado ciclismo dos 14 anos aos 30 portanto com uma elevada capacidade de V02 máximo detentor de um trabalho aeróbico notável
já que não fazia competição.
Aos 32 anos começou a perder a condição física até então adquirida e, com 7 kilos a mais e algum
alcóol também á mistura resolve então envergonhada mente começar a correr num relvado de golfe existente próximo de sua casa, de início era uma corrida bastante lenta e com muitas paragens pois não era capaz de fazer melhor.
Depois por acaso conhece outro atleta que o levou até ao seu clube onde descobriu o que era o verdadeiro ambiente da corrida. Quantos de nós não nos vemos retratados nesta história.
Então nos treinos em terreno variado verificou que o seu instinto de competição ainda estava vivo ( já nasce com a pessoa ) e de tal forma que começou a sonhar com a Maratona.
Eu nunca atingi o nível dele mas também treinava de dia e sonhava á noite. Assim nos jogos Olímpicos de Munique em 1972 (40 anos) foi 8º com 2h16´, onde também esteve presente um senhor que todos conhecemos Armando Aldegalega em 41º lugar. E, é por esta altura que este atleta começa a mexer comigo, vou lendo pequenos artigos já que a informação era pouca e o nosso ídolo caseiro era o Anacleto Pinto e Manuel de Oliveira e estava já a aparecer um rapaz que tinha vindo de vildemoinhos de seu nome Carlos Lopes.
Mas voltando ao meu primeiro ídolo, já que depois outros se seguiram e até amigos pessoais como, Carlos Lopes, Fernando Mamede, Irmãos Castros, José regalo. Para essa prova treinou segundo ele arduamente fazendo 110 a 130 kms por semana, mas durante as 10 semanas que antecederam os jogos fazia 150 a 160 e as vezes 200 kms, quando chegou o dia da Maratona estava bastante cansado. Como eu costumo dizer o descanso também faz parte do treino. Passado 2 anos em 1974, já com 42 anos participou nos jogos da Comunidade Britânica e ganha a medalha de prata com a marca estraordinária de 2h11´18" as notícias por cá continuam como sempre. Mas volta novamente aos jogos Olímpicos em 1976 Montreal com 44 anos para fazer 2h17´ficando em 17º onde já brilhava o nosso Carlos Lopes com medalha de prata nos 10,000 atrás de um rapaz que bebia leite de Rena Lasse Virén de seu nome. E onde o nosso melhor e único atleta, Anacleto Pinto fez 2h18´53" ficando em 22º lugar, Aniceto Simões batia o R.deP. nos 5.000 Mts. com 13´21" 93. Mamede esse andava pelos 800/1500 a fazer 1´49"6 / 3´37"98. Mas o meu herói com 44 anos ainda treinava como um jovem, sessões de 20 x 200 para menos de 30" 6 x 800 entre 2´02" e 2´03" ou ainda 25 kms de treino na estrada a um ritmo de 3´07" ao km.
algumas marcas de referência mas atenção não só á idade como também á época

1971 - 39 anos 30,000 = 1h32´48"

1972 - 40 anos 10,000 = 28´46"

1973 - 41 anos 5,000 = 13´56"

1982 já com 50 anos Maratona = 2h20´28"

Ora bem, aqui está um exemplo de que nunca é tarde para começar, até porque já há muitos anos se dizia que um atleta consegue estar ao mais alto nível durante 8 a 10 anos tanto pode ser dos 19 aos 29 anos dos 17 aos 27 anos ou dos 32 aos 42 anos.
Não há uma fórmula mágica para o treino. No entanto fisiologicamente basta fazer um bom trabalho de base de endurânce por via aeróbica (em equilíbrio de óxigenio) para depois fazermos
os acertos com um trabalho mais rápido nos níveis anaeróbicos (em dívida de óxigenio). O importante é encontrar-se uma combinação perfeita destas componentes e que se adapte às exigências individuais de cada atleta. Mas ainda outro factor muito importante a juntar: é o acreditar-mos em nós, seguir o nosso sonho.
Vem a propósito uma velha máxima de Moniz Pereira:
Mesmo que hoje aja um terramoto, amanhã há treino.
Quantas vezes recordava este grande atleta para superar barreiras que as vezes pareciam intrânsponiveis, todos temos um segredo este era o meu.